Estamos sendo lentamente “cozidos” na vontade pelo estilo atual de viver e pela mídia.
A de agir sempre foi e ainda é incipiente; mas nossa capacidade de reagir está exaurida; se é que um dia já a tivemos ativa.
A maior parte de nossos novos desastres “naturais”, pessoais e coletivos são anunciados logo após acontecidos os últimos. E desastre atrás de desastre, catástrofe atrás de catástrofe, nós continuamos os mesmos em quase todos os sentidos possíveis e imagináveis; de dentro Pará fora; de fora prá dentro. Mudar não é com a gente.
Falando em causa própria – tenho dado sorte ao fugir das inundações:
Os paulistanos são pegos de surpresa pelas chuvas há mais de 500 anos.
Grande parte dos desabrigados pelas enchentes de 2005 em Sampa, continuam morando em abrigos provisórios; logo, logo terão direito a escritura por Uso Capião.
Cá entre nós, a cultura de não tornar definitivas as medidas provisórias, é um flagelo a atormentar nossa vida particular, familiar, social e política.
Nós temos alergia a tudo que seja planejado, definido, estudado – Talvez porque as metas de longo prazo sejam muito demoradas para quem gosta de levar vantagem em tudo.
Somos a sociedade das metásteses. Não resolvemos as causas primárias de nossos “tumores” e as recaídas são inevitáveis.
Nestas bandas, nós vivemos como se a vida transitória fosse durar para sempre.
- No planejamento de nossa existência. Apenas investimos nas metas de curto prazo.
- Nas finanças. Gastamos mais do que receberemos. O provisório uso do cheque especial e do crédito; torna-se um hábito financeiro definitivo.
- No cultivo das relações afetivas. Ficar e fazer um test drive sexual e afetivo é uma forma de viver que chegou e ficou.
- Nos cuidados com a saúde. Somos os campeões do uso de sintomáticos. A sociedade do analgésico. Investir em prevenção de saúde é coisa para otários; o negócio é aproveitar a vida. Mudar hábitos, eliminar vícios e reciclar a personalidade dá muito trabalho; e tira o prazer de viver.
- Na vida social. As pessoas se buscam e descartam segundo os interesses do momento.
- Horários foram feitos para não serem cumpridos.
- Regras existem para serem burladas.
- Viver com ética. Exige investimentos educacionais de longo prazo; e isso não dá retorno imediato.
- Nas amizades. As rapidinhas não precisam de nome; não trazem problemas nem compromissos.
- Na vida política. Interessa apenas eleger os que prometem privilégios e mordomias; direitos dão trabalho para serem exercidos.
Enquanto esse tipo de viver for “sustentável” continuaremos a ser a sociedade da gariba.
Adoramos conceitos do tipo: O futuro a Deus pertence.
O que der errado, até mesmo o que seja catastrófico não é nossa responsabilidade; não temos nada com isso – pura questão de sorte, azar, destino – desastres são ocorrências naturais.
Até quando vidas serão perdidas?
Paisagens mutiladas?
Bens tragados por bueiros?
Afinal é hora ou não de parar com tanta estupidez?
Recursos para reconstruir o que foi destruído por inépcia estão sendo dilapidados; incontáveis vezes; tragédia após tragédia.
Dentre elas; no pessoal: Tragadas e pitadas destruindo pulmões e dilapidando recursos da saúde pública.
Até quando?
Só Deus sabe?
Ainda bem que não é apenas entre nós – na ilustração coloco a imagem da Igreja da Sagrada Família – obra do símbolo da Barcelona querida – mas, convenhamos: que já passou da hora de acabar aquela monstruosidade de beleza – claro que essa interminável obra faz parte de um jogo de marketing para atrair incautos turistas.
Melhor prá eles.
Pois:
Cá entre nós vamos vender a imagem do que?
Enterros coletivos?
Donativos?
Esmolas oficiais e particulares?
Pela proximidade:
De momento; apenas um Carnaval de desfiles do ego nas campanhas de ajuda aos desfavorecidos da sorte...
Por consideração ao nosso ego deixei de colocar as imagens que nos representam...
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