sábado, 8 de maio de 2010

DICAS DA SABEDORIA POPULAR - A roupa do rei

A ROUPAGEM VERBAL DO REI

Era uma vez num reino nem tão distante assim; um rei tão vaidoso de sua pessoa que só faltava pisar por cima do povo; orgulhando-se do fato de um simples, ignorante, analfabeto funcional chegar á realeza pelas condições favoráveis do momento; e pelo mérito de saber usá-las; acima dele; apenas o deus dos pobres.

Nos seus delírios de grandeza, ele se achava o máximo; e tinha sonhos de expandir sua grandeza; queria ser o imperador do mundo – quem sabe o imperador da paz; pois como herói da guerra entre o proletariado e a exploração da sociedade de consumo, havia perdido um valioso dedo. Humilde que é tenta esconder essa atitude heróica.

Certa vez procuram-no uns homens que eram tecelões maravilhosos da mídia, e que o dotariam de um arsenal de roupagens da fala que hipnotizaria os mais desavisados líderes do mundo de lá e de cá; a mais bonita, simplória e rara do mundo; capaz de encantar os maiorais reis do primeiro mundo também candidatos a imperadores.

Mas que só podia ser percebida e compreendida por quem fosse filho legítimo da sua estirpe.

A princípio o rei achou graça na proposta: - Como alguém ousava duvidar da sua capacidade de domínio sobre seus incapazes súditos que o elegeram como rei dos reis.
Mas, resolveu investir no projeto de se eleger imperador do mundo; e cumpridas exigências legais de licitação (abandonada pela urgência do momento); como era muito religioso deixou rezar o terço e como adepto da limpeza mandou lavar a parte do erário desviado num paraíso fiscal.
Sinal verde; os operários da mídia passaram a trabalhar dia e noite, sem descanso na tarefa num tear mágico (TV) costurando com linha invisível, um pano de fundo que ninguém via. Nem a maioria de seus mais diretos assessores e ministros que ao visitarem a esplanada da oficina voltavam deslumbrados, elogiando a roupa falática e a perícia dos alfaiates da mídia.
Finalmente, depois de muito dinheiro gasto, o rei recebeu a tal roupa e marcou uma série de festas públicas de comícios eleitorais para ter o gosto de mostrá-la ao povo – mostrar suas armas para tornar-se o glorioso imperador do onuerário mundo.

Os alfaiates da mídia compareceram ao palácio, vestindo o rei que ainda de cuecas estilo companheiros e companheiras - e cobriram-no com as peças do tal traje encantado da fala, ricamente bordado nas insólitas palavras que ele não entendia; e invisíveis aos seus filhos bastardos.

Depois do showmício; o povo esperou lá fora pela presença do rei e quando este apareceu todos aplaudiram com muito entusiasmo. Os alfaiates da mídia, aproveitando a festa, desapareceram no meio do mundo.
O rei seguiu com o cortejo, e a festa; mas, ao discursar numa das ruas pobres da cidade do reino; logo no início de sua fala um menino eleitor gritou: ele é também é mano!
Todo mundo ali presente reparou e viu que realmente o rei estava apenas de ceroulas verbais onde se lia: É NÓIS NA FOTO MANO! – Curingão na cabeça!
Uma grande e entrondosa vaia foi o que se ouviu.
O rei correu para o palácio morto de vergonha.
Desse dia em diante corrigiu-se seu orgulho e nem mais tentou fazer sua filha pródiga a herdeira.
E enquanto durou seu reino foi um rei justo e simples para o seu povo.

Nota:
Conto da idade média compilado pela primeira vez na Espanha por Dom Juan Manuel, século XV, em um livro intitulado "Libro de Patronio ou do Conde Lucanor". Anderson o contista, mais tarde o modifcou e criou sua própria versão da história.
Reeditado pelos manos da política brasileira na década de noventa - ATÉ DEUS SABE LÁ QUANDO.

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